quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Causos do Defensô: Deus ajuda a quem cedo madruga


DEUS AJUDA QUEM CEDO MADRUGA

Audiência de conciliação marcada para hoje as 9 da manhã. Defendendo assistido de 61 anos desempregado - vamos chamá-lo de José - em ação monitória movida pela CEF cobrando R$ 22 mil.

Levantei com aquele humor, me arrumei e saí de casa direto pra audiência, lembrando que havia dito a José para chegar 30 minutos antes para conversarmos melhor sobre o caso. Quando cheguei, o segurança do corredor me disse que aquele senhor tinha chegado as 7 da manhã. Foi primeiro cidadão a entrar no prédio depois dos funcionários.

Perguntei por que havia chegado tão cedo, acrescentando que não precisava tanto. Ele disse que não mora em Brasília e que chegou cedo porque "Deus ajuda a quem cedo madruga".

José é pobre, idoso e desempregado, além de ter alguns problemas de saúde. Eu já sabia que ele não teria condições de fazer proposta de acordo, mas atender ao chamado da conciliação revela boa-fé e seria interessante saber até onde a CEF poderia ir na redução do valor devido.

O preposto e o advogado da CEF foram super compreensivos, de modo que a dívida que inicialmente girava em torno de R$ 22.000,00 caiu para R$ 3.700,00. Uma proposta excelente, mas ainda assim inviável, já que o assistido encontra-se desempregado e sua família não tem condições de ajudá-lo.

Foi aí que Deus ajudou quem cedo madrugou. A conciliadora perguntou a José sobre suas experiências profissionais anteriores e, após, ofereceu-lhe uma proposta de emprego numa empresa de materiais de construção. A proposta foi aceita por um José surpreso e emocionado, num sentimento que contagiou a todos.

Foi a melhor audiência de conciliação possível, pois José saiu não só com um acordo financeiramente excelente, mas também com um emprego, o que lhe dá uma perspectiva de uma vida mais feliz.

Meus sinceros parabéns a equipe de conciliação da CEF e, especialmente, a conciliadora judicial.

De agora em diante vou sempre me lembrar da lição de José: Deus ajuda quem cedo madruga. Basta ter fé e fazer por onde.


Um comentário:

  1. Faço conciliações na Vara de Família de São João e me sinto muito feliz quando sou reconhecida não como conciliadora, mas como ser humano. Já me falaram para fazer apenas o meu papel, não papel de assistente social. Acho que devemos tratar a todos com respeito, ou seja, tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. A cada dia que passa, tenho mais certeza que temos que fazer nosso papel de cidadão, independente do lugar que estivermos, precisamos de uma sociedade mais atenta às necessidades da população local, precisamos prestar um atendimento de excelência... esse é o caminho!!!

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